sexta-feira, novembro 18, 2011

Sra. Dafoe

Mãe, deixa o moço terminar a outra venda!
Estava agora com a equipe do canil Direnna aqui na loja conversando, explicando que nós somos uma simples loja de bairro, quando entra um casal simpático e sorridente, com várias perguntas amenas a fazer, mas o mais importante: disposto a gastar.
Sei que os amigos que acompanham outros blogs ficam com a impressão de que o atendente só está lá pra receber seu suado salarinho após hoooooras de conversa alegre e animada, mas eu tenho uma novidade incrível pra contar pra vocês: a gente precisa vender!
Enfim, encurtando que a hora tá passando rápido, no meio do atendimento do ca$al me entra uma mulher, que eu só posso definir como mãe do Willem Dafoe, aos brados, querendo um caaaaaboooaaam de enfiar no computadoaaaarrrm

Puta merda, viu. Depois eu falo mais, galerê.

Beijão.

sábado, novembro 05, 2011

Atenções e Atendimentos (espero que seja Parte I)


Pra começar o dia: chave na porta da loja, vem a simpática e mete (nove da manhã pelamorrrrr): "Oian, Você trabalha aquiahn?"
Sabe, aquela pessoa que mastiga o rabo das palavras?  Solta cada uma com um 'ahn' no final? Pois é, eu acordei cedo pra chegar na loja e atender essa fofura.
"É que eu tô procurandoahn um modem 3d. Você vendeahn?"
Eu imaginando aqueles smurfs gigantes do filme do James Cameron correndo pra cá e pra lá com um cubo incrível na mão, recomendei que ela procurasse o modem numa loja de celular. Que ela pedisse um aparelho de terceira geração que usa chip de celular para acessar as internets.
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Uma série de clientes depois, um mais lindo que o outro, como por exemplo a simpática senhora que veio comprar dois CDs e comentou que nosso horário de abertura era muito tarde. Ela esteve aqui, fez questão de dizer, às 8:50 da manhã, e nós ainda estávamos fechados. Incrível a capacidade dela de entrar antes do horário de abertura da galeria.
Mas eu dizia, entra um camarada com umas folhas disciplinadamente grampeadas na mão. Ipanema's People é alérgico a Bom Dia, Como Vai, Por Favor, então não preciso dizer que chegou com aqueles ares de quem inventou a roda, a pólvora e o bilboquê na mesma tarde de tédio. "Vim aqui porque você entende!", declarou o estranho, juro, mesmo com toda minha falta de memória, nunca vi o cabra mais gordo. Fiquei olhando com cara de cachorro que caiu da mudança, sabendo que falar perto de maluco pode agravar os sintomas.
"Eu estou prestes a comprar", disse o ilustre, enquanto re-organizava os papéis no balcão, deixando que eu perceba que eram dois grupos de folha devidamente grampeados, um original e uma xerox, "um receiver... E preciso saber se mil e oitocentos reais é um bom preço".
Percebi pelo silêncio que realmente não ia escapar dessa fazendo personagem de cinema mudo. Respondi "senhor, o que é um receiver?" pra ver se o gajo se apercebia da grosseria de incomodar quem trabalha.
Ele parou pra explicar.
Explicou detalhadamente, listando equipamentos, características gerais, marcas e modelos, e no final disse que precisava de ajuda para pensar em uma oferta de um amigo, porque viu na internet pela metade.
Eu acho lindo cliente que entra só pra olhar. Ele é muito melhor que o miserável que entra na loja pra pegar consultoria. Ou fazer um divãzinho básico no 0800.

Como matar um técnico

Eu parei de dar aula, inclusive, porque um determinado sujeito me pegou uma noite de sábado (eu de jantar marcado com a namorada), pra correr na casa dele, urgentíssimo, pra - note bem - continuar ajudando ele com o MP4 francês. Na época, realmente era o último grito ter um MP4, mas a gente fica meio desencantado com essas besteiras depois de alguns anos de estrada. Ele fez questão de dizer que pagava pela urgência. Eu tomei nota.
O camarada já sabia que ia pagar pelo táxi, e por cada hora de atendimento, quando eu cheguei na casa dele. Ainda assim, fez questão de terminar de jantar sem me convidar. Fiquei de terno, em pé, num canto da sala enquanto ele e a irmã jantavam fingindo que eu era parte da mobília. Nesse mesmo canto, falei ao celular, desmarcando o jantar e tomando o cacetésimo esporro da minha vida. É, eu adoro a gandaia encantadora de ser técnico/instrutor.
Só para esclarecer, o cidadão me pagava para ouvir a pergunta dele, procurar no manual dele a resposta, e ler a resposta em voz alta. Juro. Instruções sobre um MP4. Sábado à noite. Juro.
Ele me dava uma olhada de cima a baixo, a cada dez minutos, enquanto perguntava se eu não tinha mesmo um arquivo de MP4 em algum bolso. O que demonstrava 1) o quanto ele prestava atenção no que eu dizia de verdade; 2) que eu era um mago digital que dava hadouken de arquivo; 3) que criatura miserável ele era.
Depois de quarenta minutos lendo historinha pra ele dormir (mesmo efeito), ele se deu por cansado da brincadeira e resolveu que ia me pagar. Surpresa, em cheque. Surpresa, querendo saber quanto davam quarenta minutos da minha hora habitual (R$ 30,00 na época).
"Amigo," expliquei ainda calmamente "eu estou há uma hora e meia aqui dentro da sua casa. Hoje é sábado à noite, eu cancelei um compromisso pessoal para atender o senhor em emergência, e além do táxi, o senhor me deve duas horas, de oitenta reais cada."
Você argumentaria comigo numa hora dessas? Ele tentou.
Eu estava de frente pra ele, encostado numa estante, e no começo da resposta dele, eu estiquei o braço pra trás e fechei os dedos na primeira coisa que coube. Eu realmente, juro, realmente ia matar o cara.  Minha mão estava fechada num objeto de metal qualquer e eu ia avançar pra cima dele, depois matar a irmã dele, e mais qualquer um que estivesse na casa.
No exato momento que estava passando o braço pra frente, pra armar o golpe, o pai dele apareceu no quarto, atrás de mim. Deu um sorriso conciliador, e ainda no sorriso, virou-se para o filho e suavemente disse: "filho, cale a porra da sua boca". Era um ator Global, mais tarde viria a ser candidato a alguma coisa, e com todo o carinho, com a voz suave que já tinha usadi pra seduzir Tonias Carreros, Cristianes Torlonis, Suzanas Vieiras e outras que tais, ele singelamente resolveu a extensão de tempo de vida do filho. Nesse ínterim, eu olhava para minha própria mão e analisava a arma do quase-crime: uma miniatura de kombi, branca e azul.

Mulan, o curta

Uma vez a gente ficou imaginando que desenho da Disney nos representava. Eu disse que ela com certeza era a Bela, porque adorava ler, ad...