segunda-feira, maio 29, 2017

Mulan, o curta

Uma vez a gente ficou imaginando que desenho da Disney nos representava. Eu disse que ela com certeza era a Bela, porque adorava ler, adorava comer, não dava a mínima pra malandro pagando de valente e quando o namorado chegou fera, saiu príncipe (imagina se eu tava me incluindo, né).
Ela ficou chateada de verdade. Mas não quis dizer porquê.
O pisciano aqui captou a mensagem e perguntou se, por acaso, ela se via mais como Mulan. Claro que se via. Mas eu expliquei que, se ela fosse Mulan, o desenho seria um curta de 20 segundos:
"O Huno mata o guarda do muro. Chega satisfeito lá em cima. Denise olha pra ele com 'aquela' cara.
O Huno arria os ombros, desanima visivelmente. Pra pontuar, Denise manda: 'desce'.
E o Huno desce, chateado e resmungando 'pô, Denise, sacanagem'.
Sobem créditos."

Só pra dar uma idéia, ela tinha um amigo, ex-fuzileiro, louco, com alto limiar de dor no corpo (treinava socando chapisco de muro). O cara adorava porrada. Arrumava briga na rua e pegava três ao mesmo tempo, rindo. Rindo.
Uma vez, numa viagem pra Brasília, eu vi ele tirar um dente com a mão. Esperou calmamente o sangue estancar, por sugestão minha guardou o dente, e esperou voltar ao Rio pra cuidar disso, cinco dias depois.
Pois é, esse cara, 1,90, forte pra cacete, se dobrava pela metade quando a Denise encarava ele. Chegava a passar mal de vergonha dela olhando. Não, eu não sou exagerado como parece às vezes.

segunda-feira, maio 08, 2017

Setorizando os ódios

Segundo a minha timeline, isso é um desperdício de poder público, dar atenção a esses cachaceiros que ficam sentados em cima de jazidas bilionárias.
Reitero, segundo Jair Bolsonaro, reitero ainda, aplaudido e gargalhado carinhosamente durante sua palestra no Hebraica, continuo reiterando, essas reservas que eles querem demarcadas serão eliminadas – TODAS ELIMINADAS – quando ele assumir a Presidência.
O povo que não cansa de nos lembrar, e digo, justamente, que QUASE sofreu um genocídio, estava aos cachos no Hebraica aplaudindo o homem que quer concluir o genocídio brasileiro.
E, como não podia deixar de ser, na minha postagem anterior já tinha abiguinho lembrando que índio não é santo, arranjando um jeitinho de aplaudir o genocídio (não canso de repetir, a palavra é essa mesmo).
Vocês que vão pra terreiro se consultar com Cacique caralho a quatro incorporado, deviam marcar consulta com os caciques enquanto estão no plano terreno. Já tem muito conselho que eles podem te dar, ANTES do genocídio.
Vocês que ficam até as raias da chatice debatendo novas razões pra alargar o abismo sexual entre o masculino e o feminino, buscando ganhar público pelo aporrinhamento geral, deviam tentar trocar um pouco o discurso de "ninguém me dá uma chance de ficar milionário(a)" por uma pequena parte do discurso indígena.
Vocês que saem empunhando Bíblias contra o atendimento justo, público e gratuito ao aborto, já que toda "vida" é sagrada, deveriam fortalecer esse discurso se pondo na frente de cada indígena ameaçado pela Força Nacional enquanto tenta marcar uma audiência com o Monarca da Loucura Nacional.
Vocês que aplaudem cada peido de mortadela que o MST solta, devia cercar a Bancada Ruralista, a Bancada da Bala, a Bancada Evangélica pra que esses indígenas tenham alguma chance de dignidade.
Onde estão os pastores enfurecidos? Onde estão os evangélicos salivando pela boca diante desta situação Idade das Trevas? Onde estão os malhadões bombados que precisam surrar cada viado que tem no mundo porque eles se beijam, já que "não é natural", "não tá na Bíblia", "tá na Bíblia e mexe demais comigo"? Cadê a galerinha que gasta uma Itaipu de energia pra debater o sovaco da Mulher Maravilha?
 
https://theintercept.com/2017/05/05/indios-fecham-transamazonica-e-conquistam-vitoria-com-apoio-de-caminhoneiros/

sábado, abril 08, 2017

Carta aberta - Mea Culpa

Venho por meio desta comunicar a quem interessar possa (quase ninguém, mas ainda assim) que estou assumindo ter sido uma pessoa preconceituosa.
Baseado em pouquíssimas conversas com dois amigos, alguns filmes e outras referências (principalmente Mel Brooks), acreditei que meu entendimento do povo judeu se aproximava da realidade. Acreditei que se tratava de um povo que, após um duro aprendizado de mais de cinco mil anos, com uma impressionante tradição oral e escrita, ao redor de todo o planeta, tenha aprendido e repassado aos seus descendentes uma valorização da paz, justiça e igualdade.
Acreditei que, no seio de uma família judia, corriam valores como o estudo da história, a tradição, o conhecimento e a retórica necessária para jamais, em lugar algum do planeta, o Povo Escolhido apoiar por acidente medidas facínoras e desprovidas de embasamento, em troca de uma solução mágica dos complexos problemas sociais.
Eu estava errado.
Eu estava completamente errado.
E eu sinto muito.
Bolsonaro palestrou dentro da Hebraica para trezentos ouvintes, aqui no Rio de Janeiro, e foi aplaudido. Apoiou o fim das ONGs, das reservas indígenas, dos quilombos, e foi aplaudido. Apoiou a exploração de alegadas riquezas por todo o território nacional e foi aplaudido de novo. Fez piadas racistas, desumanizou quilombolas, e um comentário desses, tão perto de "judeu não é gente" numa Alemanha de sessenta anos atrás, provocou gargalhadas da platéia.
Descendentes de um povo que era exterminado, massacrado, mutilado e tratado como menos que gado, divertiu-se ouvindo "o afrodescendente mais leve pesava sete arrobas, não servia nem pra reproduzir mais", em duas claras referências a gado na mesma frase.
E pensar que minha desinformada admiração me fez passar meses de figuração na Record pedindo pra fazer hebreu.
Desculpem-me, por favor. Eu estava sendo preconceituoso, e é um erro que não pretendo cometer novamente.

quarta-feira, abril 05, 2017

Julgamento e opinião

Eu tenho comigo a necessidade de manifestar minha opinião. Dar aos meus amigos e conhecidos uma direção de como funciona minha moralidade e meus costumes.
Fora o que andaram dizendo da expressão, acredito que é assim que uma pessoa factualmente de bem atua: ele se manifesta contra o que está errado, ele aplaude o correto, e no meio do caminho, trabalha.
Cabe, junto com minha opinião, explicar: afinal, no dia que eu justificar um argumento meu com "meu amiguinho imaginário é melhor que o seu", por exemplo, os meus amigos e colegas saberão que eu não estou bem, e podem tomar suas devidas precauções a meu respeito.
Isso não quer dizer que me tornei juiz da atitude dos outros. Nestes casos, me manifesto apenas pelo exemplo social que eles contém. Vejamos alguns exemplos:
  • Cissa Guimarães

Em primeiro lugar, não desejo a dor de perder um filho a mãe alguma neste mundo. É triste, muito triste mesmo, e não estou fazendo pouco disto.Isto posto, todo o resto do caso em que morreu o filho dela é um afronta. Como a informação é muito complexa e aninhada, eu prefiro aqui citar como os jornalistas profissionais relatam:

  • Rafael Mascarenhas foi atropelado em julho de 2010, no Túnel Acústico, no bairro da Gávea, na Zona Sul do Rio de Janeiro, enquanto andava de skate com amigos. A via - que hoje possui o nome do filho de Cissa Guimarães - estava fechada ao trânsito, mas foi invadida por motoristas que praticavam corridas ilegais, conhecidas como "pegas" ou "rachas". No grupo, estava Rafael Bussamra, que conduzia o carro que acertou o filho de Cissa Guimarães.
    O laudo do carro de Rafael Bussamra mostra que o veículo estava a cerca de 100 km/h no momento do acidente, quando a velocidade máxima permitida no túnel é de 70 km/h. Segundo a perícia, Rafael Mascerenhas foi arremessado a 50 metros do local do atropelamento.
    Dois policiais militares, Marcelo de Souza Bigon e Marcelo José Leal Martins, cobraram R$ 10 mil de Rafael Bussamra para liberá-lo após constatarem o carro com avarias. O rapaz chamou, então, o pai, Roberto Bussamra, que negociou com os PMs. Por causa do ocorrido, os agentes responderam a um Inquérito Policial Militar e foram expulsos da corporação em 2010.
    Esta informação foi tirada de uma manchete do site EGO
    O aninhamento ao qual me referi é o seguinte: R. Mascarenhas não devia estar num túnel fechado para reformas, mas estava; R. Bussamra também não, mas estava, e ainda praticando pega; os policiais que viram o carro após o atropelamento deviam prestar diligência, mas não prestaram; Bussamra pai devia deixar o filho ir preso, mas não deixou.
    Até aqui, a cadeia de eventos torna todos os envolvidos em péssimos exemplos para a nossa sociedade. Fica pior ainda ao sabermos que ninguém foi preso, e nem mesmo será, mas isso já esperamos da nossa justiça.
    Além de todos esses erros, o que mais me incomoda é a Cissa Guimarães.
    Como eu tenho notado recentemente, as pessoas perdem a memória muito rápido, então permita que eu me repita: não desejo a dor de mãe que ela está sentindo a nenhuma mãe do mundo.
    Causa-me profundo incômodo que ela tenha ganho tanto espaço na mídia para a dor dela. Que tenha ganho tantos minutos em tantos dias para cobrir um caso que está encerrado desde o primeiro dia. E digo isto, porque vejo várias vezes as pessoas com um sorriso cínico quando uma outra mãe, desconhecida, de nível econômico ou social diferente, tenta em cinco segundos pedir que investiguem o que fizeram com o filho dela. Porque, claro, aquele filho é automaticamente um bandido.
    É uma injustiça, uma desigualdade desnecessária, dar todo o tempo do mundo para a dor da Cissa e calar toda uma camada social que nem pode enterrar o próprio filho. A sua vontade de ir lá e destruir tudo, matar cada um porque se for da favela tem que ser bandido, não é tratar com igualdade as pessoas. Isso só planta ressentimento, e ninguém fica com a razão.
    • José Mayer

      Muito fácil de resumir: ele assediou uma maquiadora, colega de trabalho. Ela botou a boca no trombone. A coisa ficou difícil de abafar e ele assumiu o próprio erro.
      Viu? Muito simples. Acho que ele deve ser julgado e pagar pelo que fez. Ao assumir o ato de assédio, ele abriu a possibilidade de que isto aconteça.
      A única coisa que me incomoda nessa história é a hashtag: #JoséMayerVelhoNojento. Qual a razão das pessoas em combater um preconceito com outro? Acrescenta em quê chamar o assediador de "velho"?

    Entendam, estou aqui apenas analisando situações de relevo social. Não cabe a mim julgar o sr. José Mayer, a sra. Cissa Guimarães, ou quem quer que seja. Mas me cabe, sim, emitir opinião sobre estes eventos, sabendo que tornar-se-ão precedente para outros, sabendo que pesarão no entendimento dos valores sociais como um todo.
    Há algo de errado com uma sociedade movida a gestos furiosos e bordões. Cabe a pessoas que se considerem capazes de colaborar, dar seu entendimento. E aqui estou, tentando colaborar.
  • segunda-feira, março 27, 2017

    Deus me mandou escrever isso aqui.

    Eu fico, sabe, pensando: "Qual o propósito da pessoa vir aqui numa rede social ficar gritando as coisas pro Deus dela?"
    Se Ele fosse tão fodão assim, NINGUÉM ia ficar falando. Você já viu alguém ganhar na MegaSena e vir pro Facebook "A MEGASENA ME ILUMINOU O DIA, MINHA VIDA, JOGA NA MEGASENA VOCÊ TAMBÉM!!!"
    Agora, engraçado, o cara pisa num cocô de cachorro na rua passa a semana falando disso. O cara é assaltado passa o mês falando disso. A gente só divide merda, amigo.
    Deus bacana mesmo é aquele tal de Yaveh, tu já viu algum judeu ficar no Facebook falando de Yavéh? Te mandando ler a Torá deles? Mano, se tu QUISER virar judeu eles não deixam assim moleza não!
    Aí vem esse povo, com uma baita cara de condescendência... Aqui no Facebook, na condução, na praça, na igrejinha nova sem isolamento acústico, na porta dos hospitais... Eles vêm como se acabassem de ganhar uma promoção, um salário de cinco dígitos na conta, te olham de cima a baixo como se você tivesse tomado banho na vala da Mimosa.
    Um fodido tentando se achar melhor que o outro fodido porque conseguiu ler três páginas de um livro. Isso porque o pastor berrou o texto.



    A famosa síndrome de Augusto Cury:
    A pessoa acredita que tudo na vida se resolve com otimismo.
    Que invés de você reclamar, deveria "se mexer" pra mudar as coisas.
    Que a vida só é ruim pra quem não sabe viver (rysos).
    Que uma pessoa só fica na merda se ela mesma permitir isso (mais rysos).
    Já tomou sua xícara de autoajuda hoje?



    Ainda tem minha cunhada, que atribui praticamente tudo a como você deve ter se comportado numa vida passada. Eu honestamente acho que é uma maneira muito indireta de chamar a pessoa de cretina vagabunda imprestável mas de maneira indireta, "numa outra vida".

    Mulan, o curta

    Uma vez a gente ficou imaginando que desenho da Disney nos representava. Eu disse que ela com certeza era a Bela, porque adorava ler, ad...