Vi a indignação da coreógrafa Débora Colker contra a discriminação e o preconceito que sofreu seu pobre netinho. Lembrei rapidamente daquele joguinho de erros da Cissa Guimarães. E em seguida, fico vendo o povo proibido de entrar nas câmaras de Deputados e Vereadores pra gritar que tudo em volta está errado.
Vocês não estão vendo nada de errado não? Toda essa história pertence a uma mesma palhaçada, e a primeira responsável que eu chamo aqui é a dona Cissa Guimarães.
Perdeu um filho. Sinceramente, não desejo essa dor nem mesmo à mãe do Sarney. Mas perdeu, porque? Porque o guri foi brincar no canteiro de manutenção do túnel. Podia? Não. Foi orientado? Não. Morreu em decorrência dos equipamentos? Não também. Morreu porque um outro moleque também queria brincar. Longa sequência de perguntas simples, vou resumir: isso ia aparecer no mainstream como fato relevante se não tivesse a celebridade no meio?
Sinceramente, eu repreenderia a Gol por exigir o atestado de saúde, somente dentro do vôo. O Governo brasileiro assinou normas internacionais de vôo, que impedem por exemplo um passageiro com doença aparente de embarcar sem um atestado com firma reconhecida. Rezo para que a zelosa avózinha da criança não tenha incorrido na besteira de esconder os ferimentos da triste e rara doença que acomete o infante, durante o check-in. Isto remeteria à má fé.
Na verdade, se você olhar com cuidado as normas para viagem de elevador, também é proibido entrar em um sem um atestado. Ou mesmo ir à praia. Ou à creche.
Eu passei a minha infância com uma patologia bem menor que essa, acredite se quiser uma mera dermatite seborréica, ou caspa. No meu caso era bem aguda, e escorria por trás das orelhas. Fedia. Deixava placas de pele em carne viva. Cheguei a passar remédio de cachorro pra ver se melhorava, tanta vergonha e piada tive de aguentar. Raspei a cabeça. Pior, não tinha nem mesmo uma parente desinformada pra fazer discurso na mídia. Minha própria família ria das minhas queixas.
Agora, conforme a própria Débora disse, o neto dela passou, sim, por um constrangimento: não se pôs ela, figura pública e portanto capaz de influenciar a opinião pública, no lugar do próximo. Fosse eu lá, ao seu lado, com uma pereba estranha no rosto e tossindo, tocando braço com braço, duvido que toda essa indignação em defesa da criança fosse aparecer. A criança que se foda, pensaria ela e a maioria dos importantes. Longe de mim com essas perebas.
Eu estou com esse longo discurso dizendo uma cosinha só. Todos vocês, que pularam de pernas abertas pra reclamar que a norma internacional de aviação foi burra e preconceituosa, todos vocês que aceitam que a Débora é cidadã de primeira classe e merece tratamento à altura, eu tenho certeza que cada um de vocês devem estar indignados com o manifesto na casa do governador Sérgio Cabral. E eu queria poder bater em cada um de vocês, por me tornar, com sua defesa, um cidadão de segunda ou terceira classe. Por me excluírem, ao aceitarem o discurso dela no rol do plausível, de uma sociedade equânime.
São vocês que ensinam ao PM, conforme visto hoje no noticiário, que "devogado é otoridade".São vocês que ensinam ao deputado, que o povo não pode atrapalhar a assembléia da câmara com seus protestos. São vocês que dão audiência ao Adriano quando ele é pegador e baladeiro. Agora que ele precisa de patrão, vai lá ver que anjinho magro, né?
Pobrezinha da ética. Tão pelada, tão perdida...
Vocês não estão vendo nada de errado não? Toda essa história pertence a uma mesma palhaçada, e a primeira responsável que eu chamo aqui é a dona Cissa Guimarães.
Perdeu um filho. Sinceramente, não desejo essa dor nem mesmo à mãe do Sarney. Mas perdeu, porque? Porque o guri foi brincar no canteiro de manutenção do túnel. Podia? Não. Foi orientado? Não. Morreu em decorrência dos equipamentos? Não também. Morreu porque um outro moleque também queria brincar. Longa sequência de perguntas simples, vou resumir: isso ia aparecer no mainstream como fato relevante se não tivesse a celebridade no meio?
Sinceramente, eu repreenderia a Gol por exigir o atestado de saúde, somente dentro do vôo. O Governo brasileiro assinou normas internacionais de vôo, que impedem por exemplo um passageiro com doença aparente de embarcar sem um atestado com firma reconhecida. Rezo para que a zelosa avózinha da criança não tenha incorrido na besteira de esconder os ferimentos da triste e rara doença que acomete o infante, durante o check-in. Isto remeteria à má fé.
Na verdade, se você olhar com cuidado as normas para viagem de elevador, também é proibido entrar em um sem um atestado. Ou mesmo ir à praia. Ou à creche.
Eu passei a minha infância com uma patologia bem menor que essa, acredite se quiser uma mera dermatite seborréica, ou caspa. No meu caso era bem aguda, e escorria por trás das orelhas. Fedia. Deixava placas de pele em carne viva. Cheguei a passar remédio de cachorro pra ver se melhorava, tanta vergonha e piada tive de aguentar. Raspei a cabeça. Pior, não tinha nem mesmo uma parente desinformada pra fazer discurso na mídia. Minha própria família ria das minhas queixas.
Agora, conforme a própria Débora disse, o neto dela passou, sim, por um constrangimento: não se pôs ela, figura pública e portanto capaz de influenciar a opinião pública, no lugar do próximo. Fosse eu lá, ao seu lado, com uma pereba estranha no rosto e tossindo, tocando braço com braço, duvido que toda essa indignação em defesa da criança fosse aparecer. A criança que se foda, pensaria ela e a maioria dos importantes. Longe de mim com essas perebas.
Eu estou com esse longo discurso dizendo uma cosinha só. Todos vocês, que pularam de pernas abertas pra reclamar que a norma internacional de aviação foi burra e preconceituosa, todos vocês que aceitam que a Débora é cidadã de primeira classe e merece tratamento à altura, eu tenho certeza que cada um de vocês devem estar indignados com o manifesto na casa do governador Sérgio Cabral. E eu queria poder bater em cada um de vocês, por me tornar, com sua defesa, um cidadão de segunda ou terceira classe. Por me excluírem, ao aceitarem o discurso dela no rol do plausível, de uma sociedade equânime.
São vocês que ensinam ao PM, conforme visto hoje no noticiário, que "devogado é otoridade".São vocês que ensinam ao deputado, que o povo não pode atrapalhar a assembléia da câmara com seus protestos. São vocês que dão audiência ao Adriano quando ele é pegador e baladeiro. Agora que ele precisa de patrão, vai lá ver que anjinho magro, né?
Pobrezinha da ética. Tão pelada, tão perdida...