sexta-feira, setembro 11, 2009

A nave - final da queda.

Dali, aquele momento enorme em que eu me abraçava ao poste, e o próprio poste subia com um pedaço do chão, tudo ficou indefinido. Senti uma pancada de lado, senti pela primeira vez na vida o que era uma fratura, ou várias, porque foi o esmagamento das minhas costelas, com um pedaço de entulho que me acertou. Ainda assim, já sentindo a palidez e o suor frio, podia me mexer como se tivesse tomado uma bolada no futebol. O choque é que me ameaçava.
– Não pira, não pira, não pira... eu me repetia, sei lá se era em voz alta, baixa ou pensamento. Tinha que continuar procurando um jeito de sair dali.
Fui andando pelo que era a Avenida Rio Branco, o meio mesmo da pista. Um monturo grande se via uns cinquenta metros adiante, ali onde se cruzava com a Presidente Antônio Carlos. O estrondo de mundo acabando me rodeava, como se rugisse para mim, de todas as direções uma nota nova, sempre grave, de concreto se esfacelando, chão tremendo...
Entendi de repente que o chão deve ter se levantado comigo por causa do metrô, ali embaixo. Entendi isso enquanto olhava em volta e percebia que, na verdade, a Avenida tinha descido uns cinco metros! A única maneira de sair rapidamente daquele caos era me localizando em cima daquele monte ali na frente, e corri pra lá.
Subi ali, segurando meu lado esquerdo, arfando, sentindo uma baba de gosto familiar na boca, tossindo, e começando a sentir a cabeça girar. Estava começando a assimilar a quantidade de dano que meu corpo recebera, e conforme ia acontecendo, o controle do corpo ia ficando uma idéia distante. Tudo amolecendo. Mas consegui chegar lá em cima.
Cheguei a girar a cabeça e ver, o antes imponente prédio da Caixa Econômica tinha vários andares sem janela, o Edifício Avenida Central estava parecendo errado, e tudo o mais... foi ficando azul. Caí sem perceber muito bem onde. Tinha um buraco em cima daquele monte. A luz do céu, nublada pela poeira, virou um buraco lá em cima; e esse buraco foi fechando.
Eu caí dentro da nave! Aquilo era uma nave! Socorro...
E não me lembro mais de muita coisa.

Um comentário:

editor disse...

2 estorias escritas simultaneamente!

parabens!
essa me parece mais interessante q a outra
apesar de lembrar com mochileiro das galaxias

mas quem sou pa criticar
copio desde o filme adaptação ao jogo final fantasy

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