Eu nunca culpei. Nem vou culpar. Ninguém.
Depois de um tempo, com o nível de compreensão certo, podemos simplesmente entender que nossas ações são responsáveis pelas consequências. O mundo não é, perceba, tão simples. Histórias de séculos atrás ainda tem influência nos eventos atuais. O que aconteceu ontem não tem a menor importância, por outro lado. Nenhum peso é absoluto, tudo depende do observador. Se o observador for eu, a minha decisão é me responsabilizar por tudo. Até onde minha vista alcança, a culpa é minha e eu vivo assim.
Pode parecer triste, a mentalidade de um deprimido. Mas aí vai o segredo: não me arrependo de nada, e na medida do meu possível, as histórias que passam por mim ficam amarradas e encerradas. Se não ficaram, ainda que minha culpa esteja lá, é porque não pude fazer mais nada. Portanto, não me arrependo de quase praticamente nada.
Apostei, por exemplo, uma caixa de cerveja num relacionamento. Na hora parecia divertido, porque eu tenho essa vaidade de ver no futuro. E eu achei genuinamente que ninguém se machucaria, que tudo seria uma espécie de "polícia e ladrão" de adultos, uma farra. Hoje eu me envergonho de ter feito isso.
Essa é uma das raras vezes que guardei arrependimento. Tiveram outras. Até bem piores. Droga, eu erro. E daí?
Por muito tempo na minha vida eu tentei montar meu time. Não as pessoas perfeitas, mas aquelas que tinham o que eu não tinha. Crente que basta informar seu intento, e ser compreendido, eu me comunico com todo mundo, conto meus planos, me preparo. Luto o tempo todo pelo que eu quero, e não pense que desejo ser feliz - quero apenas ser dono dos meus problemas.
Não quero ser culpado do que os outros decidem jogar nas minhas costas. Não quero carregar ninguém. Não quero parecer um morador de vilarejo de videogame, que está sempre disposto a ajudar qualquer um que passe pela porta.
Quero ter minha família, passar uma chave na porta e respirar. Enquanto o mundo fica lá fora. Fora do meu endereço.
O que eu não aguento é perceber que a insegurança dos outros tem que ser jogada na minha cara. Eu já tenho minhas dúvidas. Eu já tenho meus aborrecimentos. Eu já compartilhei o que era só meu. Vai cuidar da sua vida.
Eu não quero é conviver com pessoas que me irritam profundamente, esbravejam suas verdades na minha cara, interrompem minhas respostas. E quando eu finalmente perco a paciência, de dois em dois anos, e tomo uma atitude, não fiquem choramingando pelos cantos, querendo fugir do monstro.
Não quero aquele olhar imbecil de ignorância, como se eu tivesse simplesmente ficado louco de repente, e o que passou há cinco minutos ser esquecido pelo benefício de uma vítima de ocasião.
Não quero os conhecidos me olhando como se eu fosse o pior ser humano, me encarando como se imaginassem de que maneira aquele homem civilizado se torna um doente mental que ataca sem razão, porque ao meu redor tudo que eu crio é opressão e desgraça.
E se não puder ser assim, então paciência. Vou embora. E nesse dia, desculpe, não vou me arrepender.
Cansei de ser idiota.
quinta-feira, agosto 16, 2012
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2 comentários:
Você é o melhor ser humano que conheço, querido. Com imperfeições feito todo mundo (senão que graça teria?), mas com um coração tão puro que chega a ser ingênuo... Mas a ingenuidade também é beleza, meu amor. E você é uma lindeza só.
Sorri pra mim.
Você está entrando numa faze evil, caro amigo. Um estado negro da força. Também passei por uma implosão de energia, não que isso seja ruim e nem perda de energia. Tive mais sorte que juízo quando a energia se expandiu de novo e me vi ao lado da minha companheira que não é perfeita também e é assim como eu. Deus me livre dar um de analista com você. Ninguém merece uma desgraça dessas (ser teu analista), mas geralmente cuidamos do que gostamos, mesmo que da maneira errada as vezes. Sou teu fã e o que decidir, pra mim, estará bom, porém será insuficiente. Se quer odiar o mundo caótico e se esconder atrás da sua inteligência, me dê um soco na cara primeiro. Te adoro amigo.
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