quarta-feira, novembro 20, 2013

Os oito tipos de clientes em balcão de loja

(texto traduzido do site do College Humor em http://www.collegehumor.com/article/6937594/the-eight-most-annoying-customers-at-your-retail-job)

Os oito tipos de clientes em balcão de loja
Como é que é? Você não tem o que eu estou procurando? Aquele que eu não liguei antes reservando?
Bem, então se EU SÓ AUMENTAR O VOLUME E A FÚRIA DE MEUS COMANDOS, ISSO VAI FAZER APARECER MAGICAMENTE O ITEM QUE EU QUERO.
AINDA NÃO? BEM SE EU COMEÇAR A FALAR AINDA MAIS ALTO E ACRESCENTAR UNS CARALHO DE PALAVRÃO ISSO PODE FUNCIONAR COMO INVOCAÇÃO SAGRADA PRA CONVOCAR O ITEM A PARTIR DO ÉTER SOMBRIO.
AH VOCÊ AINDA NÃO TEM?! BEM ENTÃO VOCÊ NÃO SÓ PERDEU UM CLIENTE, MAS TAMBÉM UMA PARCELA SIGNIFICATIVA DA SUA AUDIÇÃO E ESTÁ COBERTO PELA MINHA SALIVA.
Volto amanhã pra ver se apareceu no seu estoque.
Os oito tipos de clientes em balcão de loja

Olá! Como você vai? Ah isso é maravilhoso. Sim, eu quero apenas esse pacotinho de chicletes hoje, que resumiria este encontro em quarenta e cinco segundos, mas eu estou faminta por atenção e conversa, e pelo olhar no seu rosto, eu posso adivinhar que você preferiria ouvir mais sobre minha vida.
Felizmente pra você este chiclete me lembra de um outro que eu comprava quando era criança, mas você sabia que este chiclete custava UM TOSTÃO. Agora que você claramente não tem idéia de que produtos de consumo sobem enquanto a economia cresce, eu vou listar mais dez coisas que custavam TÃO BARATO naquela época. Loucura né?
Você sabe o que mais é uma loucura? Meu marido! Ele já morreu, claro, mas isso não vai me impedir de te contar histórias sobre ele até o pessoal do asilo vir me buscar.
Os oito tipos de clientes em balcão de loja
Só esse pacotinho de fritas pra mim, por favor. Sim, vou pagar esses dois reais em cartão de crédito. Ih, agora que você acabou de passar a venda, acabei de me lembrar que quero uma latinha de refrigerante também! Ai como eu sou bobo... Passa o cartão de novo, por favor.
Cara que coisa, na verdade eu tenho essa lista de coisas pra comprar então você não se importa se eu pegar um por um e passar aqui pra pagar no cartão.
Pensando bem, eu não preciso dessa batata frita. Pode estornar a venda no meu cartão. Não, não quero dinheiro, estorna pra mim. Sim, eu tô me lixando pro tempo de todo mundo, meu inclusive.
Os oito tipos de clientes em balcão de loja

É isso: este é o momento mais importante da minha vida. Eu tenho nas mãos DUAS barras de chocolate. Na minha mão esquerda, eu tenho uma barra de Snickers super deliciosa. Na minha mão direita, uma combinação de chocolate crocante e creme delicioso de um Twix. Como pode qualquer pessoa aguentar a pressão desta escolha? Reinos caíram e surgiram por menos que isso.
Como assim? Como você espera que eu preste atenção na cavalgada de compradores atrás de mim quando o destino de meu estômago está na balança? Meu amigo, essa decisão vai definir quanto de saciedade eu vou sentir pelos próximos vinte minutos PELO MENOS.
Peraí, vocês vendem paçoca? Eu tenho que desenhar um organograma.
Os oito tipos de clientes em balcão de loja

Certo, agora que eu te dei os 37 itens da minha lista pra você somar, eu vou pegar minha carteira... peraí, cadê minha carteira? Eu sei que ela estava aqui no meu bolso há um segundo. Deixa eu gastar cinco minutos me revistando como segurança no estádio. Cara isso NUNCA aconteceu comigo, eu SEI que tá aqui em algum lugar. Talvez no meu sapato? QUem sabe no meu bolso de bochecha que nem um hamster?
Eu devo ter deixado no meu carro. Vou deixar tudo aqui pra ir até o carro e ver se está lá.
Não, não estava lá. Isso tudo é tão louco... Eu –ih olha, tá no meu bolso de trás! Haha cara, de vez em quando a vida é tão louca... Posso pagar tudo em moeda? deixa eu achar minhas moedinhas aqui...
Os oito tipos de clientes em balcão de loja

E aí cara, como vão as coisas? Meio mole e pra esquerda? Hehe sacanagem, só uma palhinha pro amigo. Sei que é a primeira vez que a gente se vê, mas eu vou inventar uns dez apelidos pra você enquanto fico te cutucando e chamando tanto que você vai achar que eu tô tendo um ataque epilético. Tudo isso enquanto eu jogo um papinho de política velha e referências antigas de futebol que você nunca acompanhou. Legal, véio?
Agora, já que somos amigaços, você se importa se eu pagar em cheque?
Os oito tipos de clientes em balcão de loja

Pô, isso aqui custa TRÊS REAIS?? Tá brincando? Acho que dá pra gente negociar isso melhor, né? Você aí no balcão com certeza tem poder de negociação, é o cara que faz os preços na loja inteira. Eu pago dois reais por isso, pra não perder a amizade.
Então tá, eu vou levar três desses por sete reais.
Tá certo, então. vou levar cinco desses por onze reais e te dou meu cartão de estacionamento com sorteio.
Meu camarada, quase me parece que você está desesperado o bastante pra me vender esse negocinho aqui, mesmo que isso custe seu emprego. Eu não respeito essa atitude. Dez desse negócio por catorze reais, e não se fala mais nisso.
Não? Bom agora que eu abri esse negócio e comi a metade, o valor cai, né? Pago um real pelo resto. Ainda são três reais? Bom, então eu derrubo tudo no chão! Ninguém vai querer comer doce do chão, então o valor cai também –pera, porque você chamou a segurança?
Os oito tipos de clientes em balcão de loja

Pelos poderes ancestrais do PROCOM, eu voltei hoje para me vingar de um atendimento levemente ruim que eu tive ontem. Sim, isso mesmo, eu estou insatisfeita porque a compra que eu fiz ontem eu fui bruscamente incomodada e eu tenho certeza que isso foi planejado para me aborrecer, especialmente contra mim!
Um reembolso? UM REEMBOLSO? Isso é doentio da sua parte, me enoja até a alma se você acha que um reembolso pode cobrir o dano que eu sofri naquelas horas terríveis. Os pesos da elação gerada pela compra bem sucedida, NEGADAS A MIM por um trabalhador desatento! Atente, ó peão de pequena paga: eu estive nesta manhã atingida por tremores de fúria e ódio, apenas levemente contidos por uma fina fachada de calmaria. Eu antevi a chegada dos Titãs...
Peraí, isso é um cupom-desconto? Ah então tudo bem. Nada de mais.

terça-feira, setembro 10, 2013

Amor Dói - meio de caminho

Algumas vezes, almoçava com meu pai.
Aquele escritório moderno, com lâmpadas fluorescentes e nada daqueles livros feiosos que apenas tinham lombadas falsas para guardar a bebida. A principal função do meu pai era conversar com pessoas que visitavam o escritório dele, então nada de muito suntuoso, mas ainda assim uma ou duas peças divertidas para distrair os mais tensos.
Me sentava numa mesa menor, levava meu dever de casa, e quando terminava ele me deixava mexer na máquina de escrever. IBM 6873. Eu achava ela uma peça de tecnologia dos deuses. Descobri uma vez que, por mais rápido que eu batesse nas teclas, ela conseguia escrever no papel cada um dos botões que eu pressionava. Eu comecei a tentar digitar adequadamente, sem bater ao acaso, mas o mais rápido que eu pudesse.
Numa tarde dessas, quando os bancos começavam a ficar mais vazios pelo advento do caixa eletrônico, eu estive com meu pai numa agência bancária. Eles tinham a mesma máquina numa mesa anexa à do gerente, onde uma moça muito bonita estava ocupada.
Rapaz, não tem como eu te dizer o que era bonito naquela época. Imagine que o melhor ar condicionado diminuía a temperatura lá de fora em cinco graus. Imagine que desodorante que durasse até depois do almoço "fazia milagres". Homem responsável mantinha um bom bigode, e limpo. "Sorriso branco" incluía até 90% dos dentes da frente, e eram só menos amarelados.
Mas lá estava, uma moça de seus vinte e poucos anos, vestido discreto, cabelos levemente ruivos, sardas no rosto, usando uma 6873.
Incrivelmente, consegui me aproximar dela. Surpreendi quando falei da máquina, e não de algum aspecto físico da moça. E notei que ela não parava de digitar para conversar. Meu pai e o gerente conversaram por dois minutos, e quando percebi estávamos de saída. A secretária se despediu de mim, apertou minha mão e conseguiu colocar lá dentro um papel com sete dígitos e um nome.
Foi assim que conheci Sônia.
Voltei com meu pai para o escritório, ainda pensando no papel que ela me deu. Seria possível que aquilo fosse um telefone? O dela? Mas porque? Minha mente, sem entender o que aconteceu, divagava, e nisso me vi pensando em digitar que nem ela, enquanto conversava e olhava para os lados, sem notar o que minhas mãos faziam.
Andávamos pela Rio Branco, e os ônibus passavam pasmacentos, mas eficazes. Fiquei muito tempo imaginando se cruzei sem saber com Nelson Rodrigues, ali nos arredores da Rua da Ajuda. No sinal, comentei com meu pai que não entendia como as cores mudavam.
– É por tempo, meu querido. A luz verde fica uns tantos segundos acesa, aí se apaga para dar lugar à luz vermelha, que nos deixa passar.
– Sim, pai, mas como funciona naqueles filmes de lá de fora, que ainda tem um sinal para os pedestres?
Meu pai pensou um pouco. De fato, nossos semáforos daquele tempo eram algo de pitoresco: um quadrado listrado de branco e preto, com uma luzinha verde-amarelada e outra vermelho-alaranjada. A tinta dos vidros do semáforo não eram tão uniformes como passariam a ser depois. Ainda tinham uma espécie de quepe, um protetor para não pegar chuva e as pessoas poderem ver de fato qual estava acesa.
Tinha um funcionário da prefeitura que era responsável por passar um pano e limpar a poeira preta do monóxido de carbono que se acumulava no vidro, duas vezes por mês. O mesmo que se responsabilizava por limpar os azulejos das paredes dos túneis.
– Não sei, filho, mas acho que o interruptor de tempo que tem perto das luzes do semáforo devem ficar no poste, aí elas passam energia para o vermelho de parar os carros, enquanto coloca o verde para os pedestres andarem.
Olhei de novo para o nosso sinal. Não tinha postes presos à ele. Eram fios que vinham da rua. O mecanismo todo tinha que estar dentro daquela caixa listrada, lá no alto.
– Mas então aqui temos uma obra de engenharia, com aquela caixa pendurada lá no alto segurando luzes, relógio, temporizador, tudo junto!
– Isso mesmo, filho! Um engenho à vista de todos, e invisível para a maioria.
Parecia que ele estava orgulhoso de mim.

quinta-feira, setembro 05, 2013

Gênio do Mal

de Charles Baudelaire
Gostavas de tragar o universo inteiro, 
Mulher impura e cruel! Teu peito carniceiro, 
Para se exercitar no jogo singular, 
Por dia um coração precisa devorar. 
Os teus olhos, a arder, lembram as gambiarras 
Das barracas de feira, e prendem como garras; 
Usam com insolência os filtros infernais, 
Levando a perdição às almas dos mortais. 

Ó monstro surdo e cego, em maldades fecundo! 
Engenho salutar, que exaure o sangue do mundo 
Tu não sentes pudor? o pejo não te invade? 
Nenhum espelho há que te mostre a verdade? 
A grandeza do mal, com que tu folgas tanto. 
Nunca, jamais, te fez recuar com espanto 
Quando a Natura-mãe, com um fim ignorado, 
— Ó mulher infernal, rainha do Pecado! — 
Vai recorrer a ti para um génio formar? 

Ó grandeza de lama! ó ignomínia sem par. 

Charles Baudelaire, in "As Flores do Mal" 
Tradução de Delfim Guimarães 
Extraído do http://www.citador.pt

terça-feira, agosto 20, 2013

Pobrezinha!

Vi a indignação da coreógrafa Débora Colker contra a discriminação e o preconceito que sofreu seu pobre netinho. Lembrei rapidamente daquele joguinho de erros da Cissa Guimarães. E em seguida, fico vendo o povo proibido de entrar nas câmaras de Deputados e Vereadores pra gritar que tudo em volta está errado.
Vocês não estão vendo nada de errado não? Toda essa história pertence a uma mesma palhaçada, e a primeira responsável que eu chamo aqui é a dona Cissa Guimarães.
Perdeu um filho. Sinceramente, não desejo essa dor nem mesmo à mãe do Sarney. Mas perdeu, porque? Porque o guri foi brincar no canteiro de manutenção do túnel. Podia? Não. Foi orientado? Não. Morreu em decorrência dos equipamentos? Não também. Morreu porque um outro moleque também queria brincar. Longa sequência de perguntas simples, vou resumir: isso ia aparecer no mainstream como fato relevante se não tivesse a celebridade no meio?
Sinceramente, eu repreenderia a Gol por exigir o atestado de saúde, somente dentro do vôo. O Governo brasileiro assinou normas internacionais de vôo, que impedem por exemplo um passageiro com doença aparente de embarcar sem um atestado com firma reconhecida. Rezo para que a zelosa avózinha da criança não tenha incorrido na besteira de esconder os ferimentos da triste e rara doença que acomete o infante, durante o check-in. Isto remeteria à má fé.
Na verdade, se você olhar com cuidado as normas para viagem de elevador, também é proibido entrar em um sem um atestado. Ou mesmo ir à praia. Ou à creche.
Eu passei a minha infância com uma patologia bem menor que essa, acredite se quiser uma mera dermatite seborréica, ou caspa. No meu caso era bem aguda, e escorria por trás das orelhas. Fedia. Deixava placas de pele em carne viva. Cheguei a passar remédio de cachorro pra ver se melhorava, tanta vergonha e piada tive de aguentar. Raspei a cabeça. Pior, não tinha nem mesmo uma parente desinformada pra fazer discurso na mídia. Minha própria família ria das minhas queixas.
Agora, conforme a própria Débora disse, o neto dela passou, sim, por um constrangimento: não se pôs ela, figura pública e portanto capaz de influenciar a opinião pública, no lugar do próximo. Fosse eu lá, ao seu lado, com uma pereba estranha no rosto e tossindo, tocando braço com braço, duvido que toda essa indignação em defesa da criança fosse aparecer. A criança que se foda, pensaria ela e a maioria dos importantes. Longe de mim com essas perebas.
Eu estou com esse longo discurso dizendo uma cosinha só. Todos vocês, que pularam de pernas abertas pra reclamar que a norma internacional de aviação foi burra e preconceituosa, todos vocês que aceitam que a Débora é cidadã de primeira classe e merece tratamento à altura, eu tenho certeza que cada um de vocês devem estar indignados com o manifesto na casa do governador Sérgio Cabral. E eu queria poder bater em cada um de vocês, por me tornar, com sua defesa, um cidadão de segunda ou terceira classe. Por me excluírem, ao aceitarem o discurso dela no rol do plausível, de uma sociedade equânime.
São vocês que ensinam ao PM, conforme visto hoje no noticiário, que "devogado é otoridade".São vocês que ensinam ao deputado, que o povo não pode atrapalhar a assembléia da câmara com seus protestos. São vocês que dão audiência ao Adriano quando ele é pegador e baladeiro. Agora que ele precisa de patrão, vai lá ver que anjinho magro, né?
Pobrezinha da ética. Tão pelada, tão perdida...

terça-feira, agosto 13, 2013

Jynx


Sonhei com um animal que eu mesmo chamei de Jynx. Já vi esse termo ser usado com muita frequência para se referir a sorte questionável. Mas nesse meu sonho, jynx era uma espécie de gato doméstico, mas com uma padronagem de pelo contendo mais círculos.

Eles pareciam ter o mesmo tamanho e porte do gato doméstico, mas a cauda e as orelhas eram mais longos, assim como os membros dianteiros. Estes membros ficavam bem retraínas laterais do corpo, mas sem nenhum aviso podiam se abrir em asas! Gatos que voam!
Quando der, desenho pra vocês.

sexta-feira, março 01, 2013

Mestre dos magos no inferno

Todos os banquetes dos quais provei pequenas colheradas, indo-me apressado adiante, adiante, adiante.
A fila anda pra mim. Mas não comigo.
Minimizando os estragos, encolhendo a receita, agilizando o presente para garantir algum futuro.
O olhar de despedida, que antes explicou tudo, que sentia muito, que nada podia ser feito – volta a dizer as mesmas coisas, com as mesmas razões insinuadas.
Se eu revivo uma história, é porque fui burro demais da primeira vez. Não se revive o que já se viveu inteiro.

domingo, fevereiro 03, 2013

Porque às vezes, amigo, dá merda.


Se a gente olha uma situação diferente assim, de primeira, um cara que nem eu pode se sentir excluído. Mas eu nunca fui de olhar rapidinho pra nada.
Disciplina é liberdade; compaixão é fortaleza. Ter bondade é ter coragem.
E deixar por conta própria quem você ama, é o verdadeiro e único amor nessa vida boteco pé sujo.
Eu tenho amigo que é forte na vida, e chamo ele de Vitor.
Eu tenho amigo que tem a força necessária, e chamo ele de Marcelo.
Mas eu aqui, sou forte de alma, nunca me neguei esse direito. E um cara que nem eu ensina e torce. Abre o coração e espera aquele dia especial em que não vai tomar uma facada. Porque, de verdade, foda-se quantas vezes te sacanearam, o importante é quando for a pessoa certa, você ainda estar lá por ela. Mesmo que ela não esteja esperando isso de você.

Mulan, o curta

Uma vez a gente ficou imaginando que desenho da Disney nos representava. Eu disse que ela com certeza era a Bela, porque adorava ler, ad...