quarta-feira, abril 05, 2017

Julgamento e opinião

Eu tenho comigo a necessidade de manifestar minha opinião. Dar aos meus amigos e conhecidos uma direção de como funciona minha moralidade e meus costumes.
Fora o que andaram dizendo da expressão, acredito que é assim que uma pessoa factualmente de bem atua: ele se manifesta contra o que está errado, ele aplaude o correto, e no meio do caminho, trabalha.
Cabe, junto com minha opinião, explicar: afinal, no dia que eu justificar um argumento meu com "meu amiguinho imaginário é melhor que o seu", por exemplo, os meus amigos e colegas saberão que eu não estou bem, e podem tomar suas devidas precauções a meu respeito.
Isso não quer dizer que me tornei juiz da atitude dos outros. Nestes casos, me manifesto apenas pelo exemplo social que eles contém. Vejamos alguns exemplos:
  • Cissa Guimarães

Em primeiro lugar, não desejo a dor de perder um filho a mãe alguma neste mundo. É triste, muito triste mesmo, e não estou fazendo pouco disto.Isto posto, todo o resto do caso em que morreu o filho dela é um afronta. Como a informação é muito complexa e aninhada, eu prefiro aqui citar como os jornalistas profissionais relatam:

  • Rafael Mascarenhas foi atropelado em julho de 2010, no Túnel Acústico, no bairro da Gávea, na Zona Sul do Rio de Janeiro, enquanto andava de skate com amigos. A via - que hoje possui o nome do filho de Cissa Guimarães - estava fechada ao trânsito, mas foi invadida por motoristas que praticavam corridas ilegais, conhecidas como "pegas" ou "rachas". No grupo, estava Rafael Bussamra, que conduzia o carro que acertou o filho de Cissa Guimarães.
    O laudo do carro de Rafael Bussamra mostra que o veículo estava a cerca de 100 km/h no momento do acidente, quando a velocidade máxima permitida no túnel é de 70 km/h. Segundo a perícia, Rafael Mascerenhas foi arremessado a 50 metros do local do atropelamento.
    Dois policiais militares, Marcelo de Souza Bigon e Marcelo José Leal Martins, cobraram R$ 10 mil de Rafael Bussamra para liberá-lo após constatarem o carro com avarias. O rapaz chamou, então, o pai, Roberto Bussamra, que negociou com os PMs. Por causa do ocorrido, os agentes responderam a um Inquérito Policial Militar e foram expulsos da corporação em 2010.
    Esta informação foi tirada de uma manchete do site EGO
    O aninhamento ao qual me referi é o seguinte: R. Mascarenhas não devia estar num túnel fechado para reformas, mas estava; R. Bussamra também não, mas estava, e ainda praticando pega; os policiais que viram o carro após o atropelamento deviam prestar diligência, mas não prestaram; Bussamra pai devia deixar o filho ir preso, mas não deixou.
    Até aqui, a cadeia de eventos torna todos os envolvidos em péssimos exemplos para a nossa sociedade. Fica pior ainda ao sabermos que ninguém foi preso, e nem mesmo será, mas isso já esperamos da nossa justiça.
    Além de todos esses erros, o que mais me incomoda é a Cissa Guimarães.
    Como eu tenho notado recentemente, as pessoas perdem a memória muito rápido, então permita que eu me repita: não desejo a dor de mãe que ela está sentindo a nenhuma mãe do mundo.
    Causa-me profundo incômodo que ela tenha ganho tanto espaço na mídia para a dor dela. Que tenha ganho tantos minutos em tantos dias para cobrir um caso que está encerrado desde o primeiro dia. E digo isto, porque vejo várias vezes as pessoas com um sorriso cínico quando uma outra mãe, desconhecida, de nível econômico ou social diferente, tenta em cinco segundos pedir que investiguem o que fizeram com o filho dela. Porque, claro, aquele filho é automaticamente um bandido.
    É uma injustiça, uma desigualdade desnecessária, dar todo o tempo do mundo para a dor da Cissa e calar toda uma camada social que nem pode enterrar o próprio filho. A sua vontade de ir lá e destruir tudo, matar cada um porque se for da favela tem que ser bandido, não é tratar com igualdade as pessoas. Isso só planta ressentimento, e ninguém fica com a razão.
    • José Mayer

      Muito fácil de resumir: ele assediou uma maquiadora, colega de trabalho. Ela botou a boca no trombone. A coisa ficou difícil de abafar e ele assumiu o próprio erro.
      Viu? Muito simples. Acho que ele deve ser julgado e pagar pelo que fez. Ao assumir o ato de assédio, ele abriu a possibilidade de que isto aconteça.
      A única coisa que me incomoda nessa história é a hashtag: #JoséMayerVelhoNojento. Qual a razão das pessoas em combater um preconceito com outro? Acrescenta em quê chamar o assediador de "velho"?

    Entendam, estou aqui apenas analisando situações de relevo social. Não cabe a mim julgar o sr. José Mayer, a sra. Cissa Guimarães, ou quem quer que seja. Mas me cabe, sim, emitir opinião sobre estes eventos, sabendo que tornar-se-ão precedente para outros, sabendo que pesarão no entendimento dos valores sociais como um todo.
    Há algo de errado com uma sociedade movida a gestos furiosos e bordões. Cabe a pessoas que se considerem capazes de colaborar, dar seu entendimento. E aqui estou, tentando colaborar.
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